A classificação brasileira para a Copa de 94 foi marcada por turbulências e críticas 2s2w4k

47733z

Romário foi convocado em cima da hora e garantiu a vitória contra o Uruguai, no Maracanã

  • Por Thiago Uberreich
  • 12/06/2025 09h00
  • BlueSky
DELFIM VIEIRA/ESTADÃO CONTEÚDO Romário(d), e Raí (e) da seleção do Brasil, comemoram após a marcação do primeiro gol da partida contra o Uruguai, válida pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 94, no estádio do Maracanã Romário e Raí comemoram após o primeiro gol do Brasil contra o Uruguai, válida pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 94, no Maracanã

A seleção brasileira já está garantida na Copa de 2026 e, apesar dos percalços, as dificuldades de agora nem se comparam com as que foram enfrentadas em 1993. O ano que antecedeu a conquista do tetracampeonato, nos Estados Unidos, deve ser considerado um dos mais turbulentos da história da equipe nacional. O técnico Carlos Alberto Parreira entrou em rota de colisão com a imprensa. Nos estádios, a torcida adaptou a música “Chama o Síndico”, de Jorge Ben Jor, para pedir a volta de Telê Santana ao comando do Brasil: “O tal do Valdeir foi um horror. Cadê a canelinha, Raí? Desse jeito o Brasil não vai para a Copa, e a torcida pediu: Telê Santana, Telê Santana, Telê Santana!”

Ao contrário do formato atual, em que as Eliminatórias são disputadas no sistema de pontos corridos, todos contra todos, em 1993 as seleções da América do Sul foram divididas em dois grupos. Lembrando que o Chile estava banido pela Fifa por causa de um incidente envolvendo o goleiro Rojas, em 1989.

  • Grupo A: Argentina, Colômbia, Paraguai e Peru
  • Grupo B: Brasil, Uruguai, Bolívia, Equador e Venezuela

A seleção, comandada por Carlos Alberto Parreira, fez os quatro primeiros jogos fora de casa, em uma campanha irregular: 

  • 18.07.1993 – Brasil 0 x 0 Equador – Guayaquil – Eliminatórias
  • 25.07.1993 – Brasil 0 x 2 Bolívia – La Paz – Eliminatórias
  • 01.08.1993 – Brasil 5 x 1 Venezuela – San Cristóbal – Eliminatórias
  • 15.08.1993 – Brasil 1 x 1 Uruguai – Montevidéu – Eliminatórias

A derrota para a Bolívia, a primeira do Brasil na história das Eliminatórias, representou um dos momentos mais difíceis na caminhada rumo ao tetra: um prato cheio para a imprensa atacar Parreira, Zagallo (que era coordenador técnico), a comissão técnica, a CBF e jogadores como Careca e Zinho. Parreira itiu: “Não estou tranquilo. Agora, a responsabilidade aumentou para todo mundo”. Os críticos da seleção alertavam para a real possibilidade da equipe não se classificar para a Copa do Mundo, algo que seria inédito.

As manchetes dos jornais davam o tom: “Vexame do Brasil em La Paz: Bolívia 2 a 0” (O Globo), “Brasil perde invencibilidade de 40 anos em eliminatórias” (Folha de S.Paulo) e “Desastre – a seleção de Parreira e Zagallo fez o Brasil inteiro ar vergonha […]” (Jornal dos Sports). Para piorar a situação, o goleiro reserva Zetti foi pego no antidoping com vestígios de cocaína na urina. O jogador tinha consumido um chá de coca no hotel onde a seleção estava hospedada. A bebida não era proibida no país e o atleta, corretamente, não foi punido. 

Nas partidas de volta, a seleção se encontrou e teve 100% de aproveitamento: 

  • 22.08.1993 – Brasil 2 x 0 Equador – São Paulo (SP) – Eliminatórias
  • 29.08.1993 – Brasil 6 x 0 Bolívia – Recife (PE) – Eliminatórias
  • 05.09.1993 – Brasil 4 x 0 Venezuela – Belo Horizonte (MG) – Eliminatórias
  • 19.09.1993 – Brasil 2 x 0 Uruguai – Rio de Janeiro (RJ)– Eliminatórias

Foi na goleada contra a Bolívia que a seleção entrou em campo, pela primeira vez, de mãos dadas. Para o duelo decisivo contra o Uruguai, Parreira se curvou a Romário, finalmente convocado. No dia em que confirmou que estava chamando o jogador, o técnico brasileiro justificou: “[…] Pelo futebol que está jogando e não por eventuais pressões da imprensa ou da torcida”. Na realidade, não tinha mesmo como deixar o artilheiro de fora. Em 13 jogos no Barcelona, da Espanha, Romário balançou as redes 17 vezes. 

cta_logo_jp
Siga o canal da Jovem Pan Esportes e receba as principais notícias no seu WhatsApp!

No domingo, 19 de setembro de 1993, mais de 100 mil torcedores lotaram o Maracanã e foram brindados por uma exibição de gala de Romário. Diante dos uruguaios, o técnico Carlos Alberto Parreira escalou a equipe assim: Taffarel; Jorginho, Ricardo Rocha, Ricardo Gomes e Branco; Mauro Silva, Dunga, Raí e Zinho; Bebeto e Romário. Depois de um primeiro tempo sem gols, Romário marcou de cabeça, aos 26 minutos, após cruzamento de Bebeto, da direita. A bola quicou no chão e ou entre as pernas de Siboldi. Aos 36, Mauro Silva lançou Romário que, sozinho, driblou o goleiro uruguaio e tocou para o fundo das redes: 2 a 0. A seleção, depois de inúmeros percalços, mantinha a escrita de ser a única presente em todas as Copas.

 

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para s. Assine JP .